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Marcos Resende Amigos

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Joanny Henrique de Moraes - Pureza

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A pureza não está na alma ingênua dos lírios.
Nem no espírito azul dos anjos abstratos
A pureza não está nas madrugadas brancas,
mas nas curvas macias de teu corpo adolescente.

Queria que os meus braços fossem de plumas,
e imperceptíveis os meus passos,
para que eu pudesse penetrar no teu sono sem ruído.
O céu desceu à altura da minha cabeça
e alcancei a lua com as mãos.
Foi quando os campos vestiram-se de lírios.
E os pássaros afinaram escalas na garganta da madrugada.

Não despertem o velho piano calado para sempre.
Deixem que ele guarde no bojo, intactos, os acordes antigos.
Não interfiram agora no meu silêncio profundo.
Deixem que eu conserve a ressonância dos sonhos comigo.

Se eu não tivesse me aquecido no teu olhar,
eu não diria que as estrelas são tão frias.
Se eu não tivesse escutado o timbre da tua voz,
eu não diria que os pássaros todos desafinam.
Se eu não tivesse provado o sabor do teu beijo,
não diria neste instante que os frutos da terra são amargos.

Tua voz harmoniza à garganta das aves
e os teus passos dão ritmo à seqüência das ondas.
Teu olhar incendeia as estrelas opacas
e o teu hálito acende a fragrância das rosas.

O vento solfejou sustenidos nos pingentes translúcidos dos candelabros de vidro 
– encontrei-te.

O vento apagou sem ruído o colorido antes lindo das lâmpadas
– perdi-te.  

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