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Marcos Resende Amigos

Marcos Resende Amigos

Giuseppe Ghiaroni - No Automation

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Realmente é lamentável
nesta idade da eletrônica
da rapidez supersônica,
e do vôo espacial,
eu — alheio à evolução
— a tropeçar em escolhos
para rimar com teus olhos
que me fazem tanto mal!


Já se prepara o astronauta
que chegue a Vênus e a Marte.
E eu atrás de engenho e arte
como os poetas de antanho,
sou um triste anacronismo
cheirando a naftalina.
Mas... tua boca é divina
e teu olhar é estranho.

Toda pessoa sensata
procura ler Seleções.
Eu empaquei em Camões, 
Casimiro, João de Deus.
Quando Gagarin subia
para os espaços sem fim,
eu, num reles botequim,
pensava nos olhos teus!

A lua do americano,
que chegou antes do russo,
já não merece um soluço.
E eu por ti canto o luar.
Há até bancos de olhos
em função da cirurgia
que os transplanta todo dia.
E eu morro por teu olhar.

Eu sou irrecuperável
para a tecnologia
Encruei na poesia,
uso a palavra "refolhos"!
Enquanto os olhos progridem
no esplendor da cibernética,
na minha veia poética
circula a luz dos teus olhos!

Enquanto os outros se apresentam
para a conquista dos mundos,
esses teus olhos profundos
são tudo o que me arrebata.
Nem explosões nucleares
a sacudir o universo
me importam mais do que um verso
ao teu olhar que me mata!

Não passo de um marginal,
um superado confesso.
Os galardões do progresso
são glórias que não me atingem.
Eu vivo e morro em teus olhos,
onde reluz a beleza.
E só tenho uma tristeza:
a de saber que eles fingem!

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