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Marcos Resende Amigos

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Edison Braga - Por Um Novo Encontro

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Assim, do nada, ela resolveu. Como se fosse fácil como um estalar de dedos, Helena queria porque queria que eu tentasse reformular toda uma programação. Impossível! Como é que eu vou explicar ao pessoal que está na ante-sala aguardando para vir se despedir. Amigos e parentes, meus e de Helena, todos esperando e ela me pedindo para pedir adiamento.

— Vai ser muito difícil nós nos encontrarmos. Você na Índia e eu 30 anos depois no Brasil? Não vamos ter nenhuma chance! Peça um adiamento de no mínimo 15 anos, e transferência de aporte ao menos para algum país da América do Sul. Eles irão entender!


Helena sempre foi assim: insistente, perseverante e até obcecada quando se tratava de nós dois. Não havia mudado muito desde o nosso primeiro encontro em Ur. Desde essa primeira vez, lutou e insistiu tanto que os maiores acabavam cedendo. Nínive, Tebas, Esparta, Castela, Gales, Cusco... Até mesmo na Manchúria! Foi incrível. Ela imperatriz, um ser quase divino, e eu, um simples criado. Mas, ela tanto lutou que acabamos juntos mais uma vez. Sempre grandes contrastes, sempre grandes obstáculos. Mas, ela enfrentava a tudo e a todos e conseguia ficar comigo.


Mas, desta vez eu estava achando muito difícil Helena conseguir. Já não havia tempo para modificar a programação. Helena tinha resolvido muito em cima da hora. Estou em pleno processo de transferência e já sinto os primeiros sinais de compartimentação da memória. Acabei de pensar em Ur, mas não lembro mais das circunstâncias. Mesmo da última vez as lembranças já não são nítidas. Vamos ver... África do Sul, 40 anos atrás, a última imagem ainda consigo lembrar: os pequeninos olhos azuis de Helena me fitavam atrás das lágrimas. Suas mãos seguravam as minhas. As delicadas mãos de Helena, brancas e cheias de manchas do tempo apertavam, num último ato de conforto, as minhas negras e enormes mãos.

Como ela havia conseguido? Já não consigo lembrar. Mas, aqueles mulatos tristes, de narizes afilados como o de Helena e as mãos enormes como as minhas eram as provas definitivas que ela conseguira me encontrar. Mas, então por que desta vez ela está se preocupando tanto? Helena sempre vai conseguir. Brasil, Índia, trinta anos depois... essas distâncias no espaço e no tempo não serão obstáculos para ela.

— Você vai conseguir, Helena. Até breve! Agora, deixe-me nascer...

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