Deunice de Andrade - Onírico Silencioso
Quero me desfazer da inércia que me integra;
voa espírito encontrando o céu liberta as asas.
Corpo encerrando sua carcaça, deita sem mordaça.
Fala, silencia em todos os ouvidos...
Silêncio... Silêncio...Ausência da noite,
preencha as frestas das portas, das matas.
Preencha o vazio do coração;
Vozes misturadas reclamam, outras cantam.
Vozes sussurrando comungando na fé do outro.
Nada une quando abandona a vida sem dono;
Quero um amanhã sem mim ao alento;
Quero as chaves que abram corações segregados.
Quebra com vigor a lembrança sombria, revigorada;
Venha! O amanhã não traz melancolia;
Promete: bálsamo, cobertor envelhecido;
Venha! Ensina-me tudo sobre a minha pobreza.
E quando eu lhe contar sobre a mudança,
meu segredo revelado voltará a ser trancado.
Com cadeado prenda meus anseios ansiosos;
Com as mãos acaricia meu corpo doído.
Com um choro sinta-se adentrando o obscuro;
Desencanta o encanto e traga a luz manifesta.
Com o coração em festa comemore cada vitória,
Não tarda, será tarde, será passado, não haverá vitória.
Busque agora novos sonhos, escreva no papel;
Pense, calcule, faça fórmula e siga o trajeto;
Conquistando batalhas diárias rumo à utopia,
Desmentida, revelada, vitória alcançada em outro tempo.
Morreu lá para nascer aqui, agora, nesse tempo.
Não diga que não pode, desminta a negação;
Positivando o saldo e ganhando coragem.
Reformulando o amor dormente e frio.
Vibrando a alegria sem medo, vá à segurança;
Quero me integrar nesse novo corpo,
A serpente morde e cura com veneno destilado;
São golpes mortais, uma pausa, um silêncio, um ai.
Tudo pode ferir se permitirmos poderemos sarar;
Sonha um sonho grande ainda acordado.
Em meu habitat alço voo meu espírito desce;
Encontrando três mil sonhos dentro do clã;
Aqui, eu sou um de vocês,
que habita em um, vivendo em todos.
Sendo vida, o silêncio onírico agregado a humanidade.