Cícero Acayaba - Soneto do Lirismo Puro
A beleza é um gesto longo de caminho
que nunca vai chegar, um caminho humilde,
com poucas árvores, alguns pássaros, violetas
e uma criança de cabelos louros onde o sol se apaga.
A beleza é a rua pobre e a minha tarde,
Cadeiras nas portas, velhos e casas cochilando,
às vezes um assobio que vem do outro lado do mundo,
ou o vento que pede uma rosa, que pede uma rosa que pede...
Me deixem ser lírico, me deixem ser puro
ao menos pra olhar em silêncio a moça da janela
que é triste assim porque espera ninguém.
Não importa o tempo, sei que tudo é frágil.
os caminhos naufragam na poeira,
mas a beleza é meu pão de cada dia.